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O orgulho vestido de torta de tomate

Nem sempre acerto nas decisões que tomo, porém as vezes ela o acerto em ouvir a minha intuição estrapola o entendimento.

Tenho um pouco de problemas com aceitação e com relação a acreditar em minha habilidades, as vezes a intuição está correta, mas o modo de fazer, nem tanto. E isso me trás um certo medo de agir. Essa fazer essa torta me trouxe algo novo, agir além do medo e acreditar na minha intuição.

O marido me pediu para que eu preparasse um café para tomarmos a noite, uma torta e mais um doce, de minha preferencia. Mas eu perdi minha chave de casa (na verdade eu acho que deixei com ele e ele perdeu, mas essa é outra historia). Sem chave, trancada dentro de casa (sim porque ele leva a chave dele mesmo sabendo que eu não posso sair de casa sem ter uma chave), eu teria de cozinhar com o que eu tinha em casa,logo pensei em uma torta salgada.

Ingredientes em casa: farinha, fermento, ovos, manteiga, margarina, um pouco de coentro, cebola, queijo, limões, batatatas, tomates (os três ultimos em boa quantidade). Mas tudo que eu queria fazer pedia ingredientes que eu não tinha me casa. Como mascarpone, requeijão, ricota, escarola, triste mas eu não sabia o que fazer. Como comprar sem poder sair de casa? Se eu der dinheiro e alguém comprar pra mim? Mas não vou poder abrir o portão. Abortar ideia.

De repente, não mais que de repente me lembrei de um video que vi essa semana sobre "queijo cremoso em casa", no máximo o que iria acontecer, era dar errado. Então juntei duas receitas de torta de tomate para fazer a minha adaptada.

Disposta a começar a receita do zero, lá fui eu fazer minha receita.

Eu estava super disposta a fazer a massa da torta, mas nem tanto assim para fazer a massa folhada que uma das receitas pedia, então achei a a receita de "pâte brisée" (ou a nossa popularmente conhecida "massa podre"), mas achei o nome em francês trás um requinte a mais, rssss. Descobri isso com o bouef bourgignon (eu falo e as pessoas pensam "bife", dai eu falo que em francês bouef é carne, a sonoridade é a mesma mas nada tem a ver com o corte da carne, daí conto a historia da receita), você cria uma áurea pra receita e acaba saindo uma conversa interessante, de quem manja do assunto e, mesmo eu não manjando nada, criei a impressão que sei o que estou fazendo, mas no fundo, nada passa de intuição e sentimento.

Fugi do assunto mas já voltei! Queria contar que descobri que pâte significa massa e brisée significa quebrado ou partido. Então seria algo equivalente a massa quebradiça, por isso no Brasil ganhou o nome de massa podre, e em Portugal, massa quebrada (eles gostam de traduzir ao pé da letra). No Google tradutor ele traduziu como pastelaria, notei que ele não manja muito de francês! Me contrata pra eu te dar umas aulinhas GOOGLE TRADUTOR FRANCÊS!

Não lembro se já havia feito massa podre na vida, mas com certeza nunca havia feito Pâte Brisée! Fiz com muita alegria da descoberta, pois usei as técnicas francesas, afinal se é para fazer a receita já estava cheia das adaptações, então o que não foi adaptado tem que fazer direito!

Mandei bem no patê, agora era hora de fazer meu queijo cremoso. Na receita tinha usava leite, queijo mussarela, não tinha mussarela e não poderia sair de casa pra comprar (lembra que to trancada em casa?), então usamos o que temos e faremos do mesmo jeito que pede a receita (não lembro se vi no cybercooking, no tudogostoso ou algum do genero), mas preparei e "deu errado", mas deu errado do jeito certo" Eu queri um queijo ripo ricota, como eu já tinha queijo em casa, decidi ralar e colocar com menos leite do que pedia na receita (a receita pedia 1 litro de leite, 2 colheres de vinagre e o queijo mussarela em pedaço). Mudei pro meu jeito, e deixei duas horas na geladeira.

Supimpa de certo! Era a textura que eu queria, mas achava que ia ficar mais cremoso do que eu queria. Mas tava certo!!!!

E o tomate, o cheiro maravilhoso tomou conta da cozinha. O tomate foi secando e parecia tomate seco só que meio queimadinho, mas com um cheiro que fez com que eu comesse alguns antes debruçada na bancada.

Cada coisa que eu provava era uma emoção nova.

Diferente das outras receitas, essa foi bem intuitiva em diversos detalhes, pois misturei técnicas de diferentes receitas. Foi um acerto generoso que tomou uma proporção gigantesca.

A noite, na hora do café, meu marido provou a receita. Ele curtiu a receita, exceto por um detalhe, ele não gosta do tomate grande nem com pele. Se fosse a algum tempo atrás, me sentiria culpada por ele me pedir algo e eu não conseguir fazer algo que ele gostasse. Mas essa torta pra mim teve gosto de superação. Então, não me importei nem um pouco com ele não ter gostado, afinal sobrou mais para mim.

É com esse sentimento de vencedora que me despeço.

Beijos,

Ligia

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